Atividade física na infância e adolescência torna jovens mais inteligentes
Na série LOVE, da Netflix, a Mickey Dobbs (Gillian Jacobs) termina o namoro com um fortão (mimado e dependente da mãe) e se apaixona por Gus Cruikshank (Paul Rust), um perfeito estereótipo de nerd na aparência e no comportamento: um magrelo responsável que usa óculos, avesso a atividades físicas e com vida previsível e um tanto sem graça.
É quase sempre assim no cinema: a inteligência que falta nos atletas dos colégios sobra nos garotos que dedicam todo o tempo aos livros e detestam qualquer atividade que faça o corpo suar.
A prática de exercícios na infância e adolescência contribui para o aumento da produção de novos neurônios no córtex e no hipocampo, áreas do cérebro responsáveis por funções como memória, processamento de informações e linguagem e emoções. E mais: exercícios físicos nestes períodos da vida aumentam a expressão cortical de uma proteína ligada à proliferação e sobrevida celular, conhecida pela sigla mTOR.
Isso tudo está mostrado no estudo científico realizado por Sérgio Gomes da Silva e publicado na revista Neuroscience (ScienceDirect).
A pesquisa feita com 24 ratos mostrou que os animais que praticaram exercícios aeróbicos em uma esteira tiveram aumento significativo no número de células neuronais e não neuronais (responsáveis pela formação dos vasos sanguíneos, da barreira hematoencefálica e da bainha de mielina).
Foi observado um aumento total de 10 milhões de células corticais e hipocampais nos ratos exercitados em relação aos ratos controles, aqueles que permaneceram em uma esteira parada durante o mesmo período de investigação. "Essas descobertas reforçam a hipótese de que o exercício pode aumentar o número de células cerebrais", explica o neurocientista.
Em um estudo anterior, testes também feitos em ratos adolescentes mostram que eles apresentam maior expressão cerebral de fatores neurotróficos (BDNF), proteína que, entre outras coisas, regula os processos de proliferação das células cerebrais.
O resultado do aumento central de BDNF é o melhor desempenho cognitivo em tarefas de memória espacial. Esta pesquisa do cientista do foi publicada em 2012, quando ele atuava no Hospital Israelita Albert Einstein, na revista Hippocampus, mostrando que a capacidade de resolver problemas era maior em ratos fisicamente ativos no período adolescente do que naqueles que focaram sem se exercitar.
No teste comportamental, os ratos ativos conseguiram, por exemplo, localizar com mais rapidez uma plataforma de escape em um labirinto aquático. Os ratos sedentários demoravam mais tempo para cumprir essa tarefa e escapar do labirinto. Para humanos a lógica tem sido a mesma, explica Sérgio Gomes da Silva.
A premissa é válida para humanos. Mais neurônios e mais conexões podem significar memória e concentração melhores, maior capacidade de aprendizagem e interpretação da leitura e eficiência superior no processamento de informações desde que o cérebro seja exercitado. Porém, o neurocientista alerta: "Não adianta ter mais neurônios se o cérebro não trabalhar, ou seja, não estudar. Por isso que os estudos científicos são feitos adolescentes que gostam de estudar. Quando avaliamos um menino ativo e o outro sedentário, observamos que o ativo que estuda vai muito melhor na escola do que o sedentário estudioso".
Em paralelo a essas evidências, estudos recentes também têm mostrado alterações significativas no cérebro de quem pratica atividades físicas e exercita o cérebro, como, por exemplo, aumento em áreas cerebrais relacionadas à memória e aprendizagem.
Atividade física e o desenvolvimento do cérebro na infância e adolescência
- Melhora os resultados de aprendizagem e inteligência
- Contribui para a compreensão de leitura
- Ajuda na atenção e nos resultados nas tarefas
- Eleva fatores neurotróficos e a neurogênese
- Resultados em circuitos neurais mais complexos
- Reduz o risco futuro de doenças neurológicas.
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